Numa Manhã de Outono
Ervin Figueiredo
Acordei tão lentamente, como o dia se fez...
Lá fora o vento soprava frio ao assoviar.
Até as aves gorjeavam cada uma em sua vez,
Dando a impressão de que nada irá findar.
Senti sua presença mais ausente desta vez
Sem me dar conta de quanto tempo se passara.
Era como se sentisse o perfume e sua tez
Açoitando- me o corpo com a dureza de uma vara.
Meu coração reclama esta saudade insana,
Sem se convencer da distância e do tempo.
Como se estivesse comigo aqui na cama
Apesar dos apelos e do cantar do vento.
Eu já não conseguia prever com exatidão,
Por quantas horas ficara ali pensando em ti.
Não tardaria mais a divagar, sair da ilusão,
Voltar à realidade, pois meu mundo está aqui...
Ponho de lado as lembranças, sigo adiante,
Agora solitário, sem ter você por perto.
Restando tão somente recordações de amante.
Numa manhã de outono, num peito já deserto...
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