sábado, 9 de março de 2013

BARCO À DERIVA


Amarras soltas e ancora levantada,
A lua no horizonte dando a direção,
Deixei o porto, seguro de mim mesmo.
As idéias serviam como carta marítima,
E os mastros como se velas possuíssem
Mantinham a altivez do momento.
Meu coração era toda minha bagagem,
Sendo minha alma desolada o oceano.
Lembro- me que quando atraquei em ti,
Eu era o Prático da sua enseada
E nada havia que eu não conhecesse.
Pássaros freqüentavam a nossa calmaria
E lá nidificavam diante de tanta paz.
Mas, veio o dia em que a paz cessou,
Sendo roubada pela tempestade
Que abalou nosso píer e fundações.
O céu escureceu e despejou sua mágoa,
E as estrelas choraram de dor.
A lua tão branca se retirou decadente
E deu lugar ao triste abandono do nada.
Hoje estou zarpando para não morrer,
De tédio, e da saudade de náufrago,
Que vê seus dias perderem o fôlego.
Navegarei até que o mar me engula,
E não mais me encontre a deriva de ti...

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