VIDA
DE CABOCLA
Lá vai a cabocla seguindo seu destino...
Carrega a trouxa na rodilha, vai ao rio:
Lavá os pano da casa pra módi limpá,
Us pé rastano nu chão, num tem que carçá.
Mas vai cantando uma cantiga em desatino,
Dessas intermináveis, que a vó cantava.
Marido na roça carpindo, prepara o chão,
Pra jogá as semente, vê as plantas subino,
Família que cresce as coisa precisa miorá.
Na beira coloca a bacia, as rôpa vai saboá,
Uma peça depois da outra, joga pra quará.
Lava tudo com carinho, começa a enxaguar,
Uma a uma vai torcendo, põe a secá.
Suas mãos já engrossadas, ágeis no fazer,
Sem cuidados, sem esmalte, as juntas a doê.
Felicidade que conhece: o amor que se faz vê,
Barriga vai crescendo, o guri logo chega,
E volta pra casa contente pras coisa terminá;
Preparar janta e outras coisa pro meu ômi;
Nóis cuida um do outro e longe o sol sômi...
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